Unicamp e Unesp acabam de criar a Rades – Rede de Apoio à Docência no Ensino Superior, com a finalidade de contribuir para o aperfeiçoamento da formação de professores, inicialmente das universidades estaduais paulistas, para posteriormente alavancar as discussões sobre o tema em nível nacional. Uma reunião para finalizar o regimento e discutir as primeiras ações da Rades foi realizada na sexta-feira, no Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2, que fica localizado no Ciclo Básico da Unicamp.
O professor Sérgio Leite, coordenador do (EA)2, conta que a Rede foi lançada em abril, durante o Congresso de Formação de Professores organizado pela Unesp em Águas de Lindóia. “As duas universidades já vêm desenvolvendo serviços voltados para a qualificação docente e para unidades que estão revendo seus projetos pedagógicos. Fizemos reuniões em Campinas e na Unesp de Rio Claro e, nessa troca de experiências surgiu a ideia de criar uma rede, no primeiro momento envolvendo as universidades paulistas e, uma vez formada, abrindo-a para grupos de outras instituições e pesquisadores que lidam com a questão do ensino superior.”
A professora Alessandra de Andrade Lopes coordena o Centro de Estudos e Práticas Pedagógicas (Cenepp) da Unesp, que já tem um histórico de 10 anos discutindo e elaborando propostas para a formação continuada de professores da universidade. “Temos 24 campi, cada qual com uma comissão local de professores que promove cursos, palestras e oficinas. Também temos coordenadores de polos, pois são 33 unidades espalhadas pelo estado. Todos se reúnem uma vez por ano para planejar as ações visando à valorização da docência e do ensino. O Cenepp ainda presta assessoria a grupos de estudos que saem de órgãos colegiados da Unesp.”
Sérgio Leite vê nesta parceria com a Unesp a possibilidade de trocar experiências e conhecer políticas de outras instituições para o ensino de graduação, área em que a Unicamp, em sua opinião, precisa avançar bastante. “O ensino é uma área que, em nossa Universidade, nunca foi tão valorizada quanto à pesquisa. Nossa perspectiva é de avanço nas políticas de graduação, o que passa necessariamente pela qualificação docente e pelo suporte ao desenvolvimento de projetos pedagógicos de cada unidade. A parceria nos leva naturalmente a se organizar e a pensar junto. É bom lembrar que o ensino superior é um tema internacional, não está sendo construído aqui. E sinto que estamos atrasados, correndo atrás do prejuízo.”
A professora Mara Regina de Sordi, coordenadora de Avaliação do (EA)2, ressalta que Unicamp e Unesp apresentam uma sintonia grande em termos de pensar o que é o ensino superior em uma universidade pública paulista. “Percebemos que tínhamos problemas semelhantes e nos sentimos fortalecidos para discutir estratégicas para enfrentá-los. E o apoio das Pró-Reitorias foi fundamental, pois não se trata de ações de um órgão, mas de uma política para o ensino de graduação, envolvendo duas instituições de peso no sentido de alavancar este debate. A criação da Rades foi aprovada em um congresso com mais de cem pessoas, onde percebemos que há uma lacuna a ser ocupada, estrategicamente importante, especialmente neste momento que a universidade pública vive no Brasil.”
Coordenadora de Projetos do (EA)2, a professora Beatriz Jansen Ferreira ressalta que o ensino superior é motivo de discussão muito ampla envolvendo grandes universidades no plano internacional. “Discute-se a centralidade da formação de recursos humanos e o impacto disso em termos de desenvolvimento do país e da sustentabilidade deste desenvolvimento. Para nós do Brasil, este é um debate para ontem. A Rades já faz eco com colegas da área e tenho certeza de que a rede vai potencializar uma discussão em nível nacional, sobre a universidade que precisamos ter e quais ferramentas desenvolver para que o ensino superior no Brasil tenha a potência que precisa.”
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