EA2 debate avaliação

professor palestra frente a projeção de slide

O que e como avaliar os estudantes no ingresso e durante a graduação foram os temas do seminário internacional proferido por John Boulet, especialista em avaliação, docente da Universidade de Drexel (EUA) e vice-presidente de pesquisa da Education Commission for Foreigner Medical Graduates e da Foundation for Advancement of International Medical Education and Research/Philadelphia. O evento sob o título “Avaliação de estudantes para seleção e aprendizado: psicometria para não-psicometristas” foi promovido pela Pró-reitoria de Graduação (PRG) na manhã desta terça-feira (17), no Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA2) e faz parte do projeto de revisão do ensino de Graduação da Universidade (RenovaGrad).

“A avaliação guia o aprendizado”, afirmou Boulet. “Ao redor do mundo, está havendo um grande movimento por avaliações melhores, que consigam analisar coisas que estão fora do domínio do conhecimento típico, como habilidade de comunicação, profissionalismo, entre outros”. Para o professor, a constante observação dos processos de avaliação é fundamental para garantir que estão medindo o que se espera. É essa observação que atribui validade e confiabilidade à avaliação. “Se preciso saber se um aluno é capaz de fazer um parto, posso dar uma prova e perguntar se ele sabe os conceitos sobre parto, mas isso não responde se ele é capaz de fazer um parto ou não”, exemplificou a Eliana Amaral, pró-reitora de Graduação e professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Para a pró-reitora, discutir a qualidade da avaliação é de fato desenvolver no corpo docente a capacidade crítica sobre o processo de ensino. “E esse é um papel que o [ea]2 está assumindo; de promover as atividades de desenvolvimento do docente para qualificar ainda mais a formação na Graduação, dentro das especificidades de cada área acadêmica”, complementou.

professora fala ao microfone

Rafael Pimentel Maia, coordenador de pesquisa da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp) e co-coordenador do evento, ressaltou que incluir na avaliação outras habilidades para além do conhecimento já faz parte, há algum tempo, do Vestibular da Unicamp. “Para gente isso é bastante importante. Por isso, a seleção de alunos para cursos como Música, Artes Visuais e Arquitetura incluem provas de habilidade especifica”, relatou.

professor sentado na plateiaO palestrante chamou atenção para importância de se treinar os avaliadores. “Se você está fazendo um teste de múltipla escolha tem que treinar o avaliador para fazer boas questões e boas opções de resposta. E como interpretar os resultados para orientar o aprimoramento do curso. Em um exame oral ou escrito, precisamos treinar os avaliadores para prover pontuações que realmente reflitam as habilidades dos estudantes. Frequentemente, despendemos pouco tempo treinando os avaliadores, então não devemos ficar chocados se duas pessoas, avaliando a mesma coisa, apresentarem notas conflitantes. A qualificação dos professores como avaliadores reduz essas inconsistências”, afirmou.

A coordenadora associada de graduação da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), Laura de Oliveira, que acompanhou o seminário, ressaltou a importância dessa formação para os docentes. “Nós docentes nem sempre somos formados em licenciatura, principalmente em cursos que não têm esse pré-requisito. Esse background é fundamental para pensarmos a avaliação a partir de critérios científicos. É importante refletirmos sobre a avaliação como uma forma de ajudar os alunos a entenderem o papel deles no curso e saberem como progredir”, pontuou.

professora sentada na plateia

Para Boulet, os problemas decorrentes da subjetividade envolvidos em uma avaliação também podem ser minimizados com treinamento adequado. “Sempre haverá uma dose de erro humano em qualquer avaliação. Nós podemos contornar esse problema assegurando que os avaliadores estão utilizando instrumentos e definições consensuais e embasadas em literatura no julgamento do desempenho dos estudantes e que foram corretamente treinados. A análise dos dados do processo de avaliação permite ter certeza de que estão bem “calibrados”, isto é, que estão utilizando os mesmo parâmetros de julgamento na avaliação. Treinar os avaliadores é fundamental em qualquer tipo de avaliação”, explicou.

plateia

Segundo Boulet, um processo adequado deve incluir um comitê de avaliação que defina as expectativas para os estudantes ao final da graduação e, a partir disso alinhe as avaliações das diversas disciplinas ao longo de todo curso, compondo um programa ou sistema de avaliação. “Só assim é possível ter certeza que as avaliações, do primeiro ao último ano do curso, levam a alguém qualificado integralmente para aquela exercer aquela profissão”, argumentou.

Fonte: ASCOM

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